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Riley interrompeu-o, “O que quer dizer que eu apanho o metro para o programa de treino todas as manhãs. O que é que isso tem de mal?”
Ryan pegou na mão de Riley.
“Até à paragem mais próxima de metro é uma caminhada de dois quarteirões,” Disse ele. “E este não é o bairro mais seguro do mundo. Não gosto que tenha que andar sozinha. Fico preocupado.”
Riley se sentiu invadir por um sentimento estranho e desagradável. Ainda não sabia ao certo que sentimento era esse.
Disse, “Será que não lhe passou pela cabeça que eu até gosto desse bairro? Passei toda a minha vida na Virginia rural. Isto é uma mudança excitante, uma aventura. Para além disso, você sabe que sou dura. Meu pai era capitão dos Marines. Ele me ensinou a tomar conta de mim.”
Quase acrescentou…
E sobrevivi ao ataque de um assassino em série há alguns meses atrás, se lembras?
Não só sobrevivera ao ataque, como ajudara o FBI a identificar o assassino e a prendê-lo. Por isso lhe deram a oportunidade de se juntar ao programa de treino.
Mas ela sabia que Ryan não queria saber disso naquele momento. O seu orgulho masculino estava delicado.
E Riley se apercebeu de algo….
Fico realmente ressentida com isso.
Riley escolheu as palavras cuidadosamente, tentando não dizer a coisa errada…
“Ryan, sabe, tornar a nossa vida melhor não depende apenas de você. Depende de ambos. Eu tenho uma palavra a dizer. Vou ter a minha própria carreira.”
Ryan desviou o olhar.
Riley conteve um suspiro ao perceber…
Afinal disse a coisa errada.
Quase se esquecera que Ryan não apoiava o seu internato de verão. Lembrara-lhe que eram apenas dez semanas e que não era treino físico. Apenas iria observar agentes a trabalhar, sobretudo a nível interno. Para além disso, estava convencida que até podia resultar num trabalho de escritório ali mesmo na sede do FBI.
Ele se tornara mais recetivo à ideia, mas continuava a não o entusiasmar.
Riley não sabia o que ele preferia para ela.
Será que ele queria que ela fosse mãe a tepo inteiro? Se fosse esse o caso, ia ficar desiludido mais cedo ou mais tarde.
Mas aquele não era o momento para pensar naquilo.
Não estragues este momento, Disse Riley a si própria.
Olhou novamente para o seu anel e depois para Ryan.
“É lindo,” Disse ela. “Estou muito feliz, Obrigada.”
Ryan sorriu e apertou-lhe a mão.
Então Riley disse, “Então com quem é que vamos partilhar a notícia?”
Ryan encolheu os ombros. “Não sei. Ainda não temos amigos aqui em DC. Acho que posso falar com alguns dos meus amigos da faculdade de direito. Talvez possas ligar ao teu pai.”
A ideia não agradou a Riley. A última visita que fizera ao pai não fora agradável. A sua relação sempre fora profundamente atribulada.
E para além disso…
“Ele não tem telefone, lembras-te?” Disse Riley. “Ele vive sozinho nas montanhas.”
“Ah, pois é,” Disse Ryan.
“E os teus pais?” Perguntou Riley.
O sorriso de Ryan desvaneceu-se.
“Escrevo-lhes a contar,” Disse ele.
Riley teve que se impedir de perguntar…
E porque é que não lhes ligas?
Talvez nessa altura pudesse finalmente falar com eles.
Riley nunca conhecera os pais de Ryan que viviam na pequena cidade de Munny, Virginia.
Riley sabia que Ryan tinha crescido entre pessoas da classe trabalhadora e que sentia alguma ansiedade em deitar essa vida para trás das costas.
Interrogava-se se sentiria vergonha deles ou…
Terá vergonha de mim?
Será que eles sabem que estamos a viver juntos?
Aprovariam?
Mas antes que Riley pudesse pensar na melhor forma de abordar o assunto, o telefone tocou.
“Talvez pudéssemos não atender,” Disse Ryan.
Riley pensou durante um momento enquanto o telefone continuava a tocar.
“Pode ser importante,” Disse ela. Dirigiu-se ao telefone e atendeu a chamada.
Uma voz masculina alegre e profissional disse, “Posso falar com Riley Sweeney?”
“É a própria,” Disse Riley.
“Daqui fala Hoke Gilmer, o seu supervisor do programa de treino do FBI. Só lhe queria lembrar…”
Riley disse, entusiasmada, “Sim, eu sei! Lá estarei cedinho às sete da manhã de amanhã!”
“Ótimo!” Respondeu Hoke. “Estou ansioso por conhecê-la.”
Riley desligou o telefone e olhou para Ryan. Ele estava com um olhar pensativo.
“Uau,” Disse ele. “Tudo se está a concretizar, não é?”
Riley percebeu como é que ele se estava a sentir. Desde que se tinham mudado de Lanton que raramente tinham estado afastados um do outro.
E agora, amanhã, ambos iriam para os seus empregos.
Riley disse, “Talvez precisemos de fazer alguma coisa especial juntos.”
“Boa ideia,” Disse Ryan. “Talvez ir ao cinema e a um restaurante simpático e…”
Riley riu ao agarrá-lo pela mão, levantando-o.
“Tenho uma ideia melhor,” Disse ela.
Arrastou-o para o quarto onde caíram na cama a rir.
CAPÍTULO DOIS
Riley sentiu o coração a acelerar quando saiu na paragem de metro em direção ao enorme edifício branco J. Edgar Hoover.
Porque é que estou tão nervosa? Perguntou a si mesma. Afinal, ela tiha conseguido fazer a sua primeira viagem sozinha no metro de uma cidade com uma dimensão inédita para ela até ao momento.
Tentou convencer-se a si mesma de que não era uma mudança assim tão drástica – que ia simplesmente mais uma vez para a escola, tal como sucedera em Lanton.
Mas não conseguia evitar sentir-se impressionada e assustada. Para começar, o edifício estava situado na Avenida Pensilvânia, mesmo entre a Casa Branca e o Capitólio. Ela e Ryan tinham passado pelo edifício no início daquela semana, mas a realidade de que ali iria aprender e trabalhar nas próximas dez semanas só agora a atingia.
Quase parecia um sonho.
Ela atravessou a entrada principal e passou pelo átrio até ao portão de segurança. O guarda de serviço encontrou o seu nome numa lista de visitantes e entregou-lhe um cartão de identificação. Disse-lhe para descer três andares no elevador até um pequeno auditório.
Quando Riley encontrou o auditório e entrou, entregaram-lhe um pacote de regras, regulamentos e informação que deveria ler mais tarde. Sentou-se entre cerca de vinte outros estagiários que aparentavam estar na sua faixa etária. Ela sabia que alguns, tal como ela, eram recém-licenciados; outros eram universitários que regressariam às faculdades no outono.
A maioria dos estagiários eram do sexo masculino e todos estavam bem vestidos. Sentiu-se um pouco insegura com o seu terno que comprara numa loja económica em Lanton. Era o melhor fato formal que ela tinha e esperava que parecesse suficientemente respeitável.
Dali a pouco, um homem de meia-idade postou-se em frente aos estagiários sentados.
Disse, “Sou o Diretor Adjunto Marion Connor e sou o responsável por vos dar as boas-vindas ao Programa de Estagiários de Verão. Todos devem estar orgulhosos de estar aqui hoje. São um grupo seleto e excecional, escolhido entre milhares de concorrentes…”
Riley engoliu em seco enquanto ele continuava a parabenizar o grupo.
Milhares de concorrentes!
Como parecia estranho. A verdade era que ela não concorrera a nada. Ela simplesmente fora escolhida para o programa logo na universidade.
Pertencerei realmente aqui? Perguntou-se.
O Diretor Adjunto Connor apresentou o grupo a um agente mais jovem – Hoke Gilmer, o supervisor de treino que ligara a Riley no dia anterior. Gilmer instruía os estagiários a levantarem-se e a erguerem as mãos direitas no momento do juramento do FBI.
Riley sentiu-se a engasgar-se quando começou a proferir as palavras…
“Eu, Riley Sweeney, juro solenemente que apoiarei e defenderei a Constituição dos Estados Unidos contra todos os inimigos, estrangeiros e domésticos…”
Teve que conter as lágrimas ao prosseguir.
Isto é real, Disse a si própria. Isto está mesmo a acontecer.
Não fazia a mínima ideia do que a aguardava dali para a frente.
Mas tinha a certeza de que a sua vida nunca mais seria a mesma.
*
Após a cerimónia, Hoke Gilmer levou os alunos a uma longa visita pelo Edifício J. Edgar Hoover. Riley estava cada vez mais surpreendida com o tamanho e complexidade do edifício, e com todas as atividades diferentes que ali decorriam. Havia várias salas de exercícios, um campo de basquetebol, uma clínica médica, uma loja de impressões, muitos laboratórios e salas de computadores, uma carreira de tiro e até uma morgue e uma oficina de reparação de viaturas.
Tudo a surpreendia.
Quando a visita terminou, o grupo foi levado para a cafetaria no oitavo piso. Riley sentia-se exausta ao colocar comida no tabuleiro – não tanto pelo que caminhara, mas por tudo o que vira e tentara absorver.
Ela queria aprender tudo o que conseguisse, o mais rapidamente que conseguisse.
E queria começar naquele instante.
Ao procurar um lugar para se sentar e comer, sentiu-se estranhamente deslocada. Os outros estagiários já pareciam estar a criar laços e a sentar-se em grupos, a conversar animadamente sobre as incidências do dia. Riley disse a si mesma que se deveria sentar junto dos seus jovens colegas, apresentar-se e misturar-se.
Mas sabia que não ia ser fácil.
Riley sempre se sentira uma intrusa e fazer amigos e enquadrar-se nunca fora algo natural para ela.
E naquele momento, sentia-se mais tímida do que alguma vez se sentira.
E era só sua imaginação ou alguns dos estagiários a olhavam e cochichavam sobre ela?
Decidira sentar-se sozinha quando ouviu uma voz ao seu lado.
“És a Riley Sweeney, não és?”
Virou-se e viu um jovem que lhe chamara a atenção no auditório e durante a visita. Não pode deixar de reparar que era incrivelmente bem parecido – um pouco mais alto do que ela, robusto e atlético, com cabelo curto encaracolado e um sorriso cativante. O seu fato parecia caro.
“Hum, sim,” Respondeu Riley, sentindo-se subitamente ainda mais tímida do que anteriormente. “E tu…?”
“John Welch. Prazer em conhecer-te. Apertava-te a mão, mas…”
Fez um gesto de cabeça na direção dos tabuleiros que ambos carregavam e riu-se.
“Queres sentar-te comigo?” Perguntou ele.
Riley esperava não estar a corar.
“Claro,” Disse ela.
Sentaram-se numa mesa e começaram a comer.
Riley perguntou, “Como é que sabias o meu nome?”
John sorriu de forma endiabrada e disse, “Estás a brincar comigo, não é?”
Riley ficou alarmada. Conseguiu impedir-se de dizer…
Não, não estou a brincar.
John encolheu os ombros e disse, “Quase toda a gente aqui sabe quem tu és. Acho que podes dizer que a tua reputação te precede.”
Riley olhou para alguns dos outros alunos. Não havia dúvidas de que alguns deles ainda olhavam para ela e trocavam comentários.
Riley começou a entender…
Devem saber o que se passou em Lanton.
Mas o que é que saberiam ao certo?
E seria algo positivo ou negativo?
Ela de certeza que não estava à espera de ter uma “reputação” entre os estagiários. A ideia fazia-a sentir-se extremamente autoconsciente.
“De onde és?” Perguntou Riley.
“Daqui de DC,” Disse John. “Licenciei-me em criminologia esta primavera.”
“Em que faculdade?” Perguntou Riley.
John corou ligeiramente.
“Hum… Universidade George Washington,” Disse ele.
Riley arregalou os olhos perante a referência de uma universidade tão dispendiosa.
Deve ser rico, Pensou ela.
Riley pressentiu que ele não estava completamente à vontade com aquilo.
“Uau, uma licenciatura em criminologia,” Disse ela. “Eu sou licenciada em psicologia. Não há dúvida que tens um avanço sobre mim.”
John riu-se.
“Sobre ti? Não me parece. Quero dizer, tu és provavelmente a única estagiária do programa com experiência de campo.”
Riley fora apanhada de surpresa.
Experiência de campo?
Ela não pensava no que acontecera em Lanton como “experiência de campo”.
John prosseguiu, “Quero dizer, tu ajudaste a apanhar um verdadeiro assassino em série. Nem consigo imaginar como terá sido. Podes crer que te invejo.”
Riley ficou em silêncio. Ela não o queria dizer, mas a inveja parecia ser uma emoção terrivelmente inapropriada para aquilo por que ela passara.
O que é que será que John pensava que teria acontecido durante aquelas terríveis semanas em Lanton? Será que tinha a noção do que era descobrir os cadáveres de duas das suas melhores amigas com as gargantas brutalmente cortadas?
Será que ele tinha a noção de como ela ficara horrorizada e pesarosa – e de como se sentira culpada?
Ainda era assombrada pelo pensamento de que Trudy, a sua companheira de quarto, ainda poderia estar viva se ela estivesse mais atenta.
E teria ele alguma ideia de como ela ficara assustada quando caíra nas garras do assassino?
Riley bebeu um gole de refrigerante e remexeu a comida com o garfo.
Depois disse, “Foi… bem, não foi como deves pensar que foi. Foi só algo que aconteceu.”
John agora olhava para ela com preocupação.
“Desculpa,” Disse ele. “Calculo que não queiras falar sobre isso.”
“Talvez noutra altura,” Disse Riley.
Seguiu-se um silêncio estranho. Não querendo ser mal-educada, Riley começou a fazer perguntas a John sobre ele. John parecia relutante em falar da sua vida e família, mas Riley conseguiu soltá-lo um pouco.
Os pais de John eram ambos advogados proeminentes envolvidos na cena política de DC. Riley ficou impressionada – não tanto pelo background abastado de John, mas pelo facto de ele ter escolhido um caminho diferente. Em vez de seguir uma carreira de prestígio na advocacia e na política, John tinha optado por uma vida mais humilde ao serviço do FBI.
Um verdadeiro idealista, Pensou Riley.
Deu por si a compará-lo a Ryan que tentava deixar o seu passado humilde para trás tornando-se num advogado de sucesso.
É claro que ela admirava a ambição de Ryan. Era uma das coisas que adorava nele. Mas não conseguia evitar admirar também John pelas escolhas que estava a fazer.
Ao continuarem a conversar, Riley pressentiu que John estava a atirar-se a ela.
Ele está a namoriscar comigo, Percebeu.
Ficou um tanto surpreendida com isso. A sua mão esquerda estava bem à vista em cima da mesa, por isso era inevitável que ele tivesse visto o seu anel de noivado.
Deveria referir que estava comprometida?
Sentiu que isso seria estranho naquele momento – sobretudo se estivesse enganada.
Talvez ele não esteja a namoriscar comigo.
Dali a nada John começou a fazer perguntas sobre Riley, mantendo-se longe do assunto assassinatos de Lanton. Como habitual, Riley evitou certos assuntos – a sua relação atribulada com o pai, a adolescência rebelde e sobretudo como vira a própria mãe a ser morta quando era criança.
Também ocorreu a Riley que ao contrário de Ryan ou John, ela não tinha muito a dizer sobre as suas expectativas em relação ao futuro.
O que é que isso diz sobre mim? Interrogou-se.
Por fim, falou da sua relação com Ryan e como estavam noivos desde o dia anterior – apesar de não mencionar que estava grávida. Não reparou em qualquer mudança de comportamento em John.
Calculo que ele seja naturalmente encantador, Pensou.
Sentiu-se aliviada por ter tirado conclusões precipitadas e ele não ter estado afinal a namoriscá-la.
Era simpático e ela gostaria de o conhecer melhor. Na verdade, tinha a certeza de que John e Ryan iam gostar um do outro. Talvez se pudessem encontrar todos um dia.
Quando os estagiários terminaram as suas refeições, Hoke Gilmer foi ter com eles e acompanhou-os até um balneário amplo que seria a sua sede para o programa de dez semanas. Um agente mais jovem ajudava Gilmer a atribuir um cacifo a cada estagiário. Então todos os estagiários se sentaram nas cadeiras que se encontravam em torno de uma mesa no centro do compartimento e o agente mais jovem começou a distribuir telemóveis.
Gilmer explicou, “Estaremos em breve no século XXI e o FBI não gosta de se atrasar no que diz respeito à mais recente tecnologia. Este ano não distribuímos pagers. Alguns de vocês já terão telemóveis, mas queremos que tenham um apenas para uso no FBI. Encontram as instruções no vosso pacote de orientação.”
Então Gilmer riu-se ao acrescentar, “Espero que vos seja mais fácil aprender a usar isso do que foi para mim.”
Alguns dos estagiários também se riram ao receberem os seus novos brinquedos.
O telemóvel de Riley parecia estranhamente pequeno na sua mão. Ela estava habituada a telefones fixos maiores e nunca antes usara um telemóvel. Apesar de ter usado computadores em Lanton e alguns dos seus amigos terem telemóvel, ela ainda não tinha um. Ryan já tinha um telemóvel e um computador, e às vezes metia-se com Riley por causa da sua forma antiquada de estar.
Ela não gostava muito disso. A verdade era que a única razão pela qual ainda não tinha um computador ou um telemóvel era financeira.
Aquele era muito parecido com o de Ryan – muito simples, com um pequeno ecrã para mensagens de texto, um teclado numérico e só mais três ou quatro outros botões. Ainda assim, parecia estranho que ela ainda não soubesse sequer fazer uma chamada telefónica com ele. E sabia que também seria estranho estar sempre contactável por telemóvel, estivesse onde estivesse.
Lembrou a si própria…
Estou a começar uma vida nova.
Riley reparou que um grupo de pessoas de aspeto oficial, a maioria homens, acabara de entrar no balneário.
Gilmer disse, “Todos vocês terão ao vosso lado um agente especial experiente durante estas semanas. Eles começarão por vos ensinar as suas especialidades – análise de dados de crimes, trabalho forense, trabalho laboratorial de computador e tudo o mais. Vamos apresentar-vos a eles agora e eles assumirão as coisas a partir daqui.”
Quando o agente mais jovem começou a juntar os estagiários com o seu agente supervisor, Riley percebeu…
Há menos um agente do que estagiários.
E de facto, depois dos estagiários se retirarem com os seus mentores, Riley deu por si sem um mentor. Olhou para Gilmer perplexa.
Gilmer sorriu ligeiramente e disse, “Vai encontrar o agente que a acompanhará ao fundo do corredor no gabinete dezanove.”
Sentindo-se um pouco inquieta, Riley saiu do balneário e caminhou pelo corredor até encontrar o gabinete certo. Abriu a porta e viu que um homem de meia-idade baixo estava sentado à mesa.
Riley foi apanhada de surpresa ao reconhecê-lo.
Era o Agente Especial Jake Crivaro – o agente com quem trabalhara em Lanton e que lhe salvara a vida.
CAPÍTULO TRÊS
Riley sorriu ao reconhecer o Agente Especial Jake Crivaro. Ela passara a manhã entre estranhos e estava especialmente satisfeita por ver uma cara conhecida.
Acho que não devia estar surpreendida, Pensou.
Afinal de contas, lembrava-se do que ele lhe dissera em Lanton quando lhe entregara os papéis para o Programa de Honra…
“Estou à beira da reforma, mas sou capaz de ficar mais algum tempo para ajudar alguém como tu a começar.”
Ele devia ter solicitado para ser mentor de Riley no estágio.
Mas o sorriso de Riley rapidamente se desvaneceu quando percebeu…
Ele não me está a sorrir.
Na verdade, o Agente Crivaro não parecia minimamente satisfeito por vê-la.
Ainda sentado à mesa, cruzou os braços e acenou a um homem desconhecido mas de aspeto amigável na casa dos vinte que estava em pé. Crivaro disse…
“Riley Sweeney, quero apresentar-lhe o Agente Especial Mark McCune daqui de DC. Ele é o meu parceiro num caso em que estou agora a trabalhar.”
“Prazer em conhecê-la,” Disse o Agente McCune sorrindo.
“Igualmente,” Disse Riley.
McCune parecia muito mais amigável do que Crivaro.
Crivaro levantou-se da mesa. “Considere-se com sorte, Sweeney. Enquanto os outros estagiários estão fechados no edifício a aprender coisas banais, você vai já para o terreno. Acabei de chegar de Quantico para trabalhar num caso de droga. Vai juntar-se ao Agente McCune e a mim – vamos agora mesmo para a cena.”
O Agente Crivaro saiu do gabinete.
Enquanto Riley e o Agente McCune o seguiam Riley pensou…
Ele tratou-me por “Sweeney”.
Em Lanton, ela habituara-se a que a tratasse por “Riley”.
Riley segredou a McCune, “O Agente Crivaro está aborrecido com alguma coisa?”
McCune encolheu os ombros e sussurrou-lhe, “Esperava que me pudesse dizer. Este é o meu primeiro dia a trabalhar com ele, mas sei que já trabalhou num caso com ele. Dizem que ele ficou muito impressionado consigo. Ele tem a reputação de ser algo brusco. Sabe, o seu último parceiro foi despedido.”
Riley quase disse…
Na verdade, não sabia.
Nunca ouvira Crivaro fazer referência a um parceiro em Lanton.
Apesar de Crivaro ter sido duro, nunca o vira como alguém “brusco”. Na verdade, acostumara-se a ver nele uma carinhosa figura de pai – bastante diferente do seu próprio pai.
Riley e McCune seguiram Crivaro até um carro no parque des estacionamento do edifício do FBI. Ninguém falou enquanto Crivaro os conduziu para o exterior do edifício e prosseguiu para norte pelas ruas de DC.
Riley começou a pensar se Crivaro lhes iria o que iriam fazer no lugar para onde estavam a ir.
Acabaram por chegar a um bairro de aspeto duvidoso. As ruas estavam bordejadas com casas alinhadas que pareciam a Riley já ter sido casas agradáveis mas que se haviam degradado com o passar do tempo.
Ainda a conduzir, o Agente Crivaro finalmente lhe dirigiu a palavra.
“Dois irmãos, Jaden e Malik Madison, controlam o correio da droga neste bairro há alguns anos. Eles e o seu gang têm vindo a tornar-se cada vez mais descarados – a vender diretamente na rua como se fosse um mercado a céu aberto. Os polícias locais não conseguiram fazer nada para os parar.”
“Porque não?” Perguntou Riley.
Crivaro respondeu, “O gang tem cuidado para não ser apanhado pela polícia. Por outro lado, aterrorizaram todo o bairro com tiroteios e esse tipo de coisa. Dois miúdos foram atingidos só por estarem onde não deviam estar. Ninguém se atreveu a falar com a polícia sobre o que se estava a passar.”
Olhando para as filas de casas, Crivaro prosseguiu.
“O FBI foi chamado para ajudar há alguns dias. Esta manhã um dos nossos homens à paisana conseguiu prender Jaden. O seu irmão, Malik, ainda está à solta e o gang dispersou. Não será fácil apanhá-los. Mas devido à prisão, conseguimos um mandado de busca na casa onde estavam.”
Riley perguntou, “Se o gang ainda anda por aí, não começarão tudo de novo?”
McCune disse, “É aí que a polícia local pode fazer alguma coisa. Montam uma mini esquadra no passeio – só uma mesa de piquenique e cadeiras com alguns polícias que trabalharão com os locais para se assegurarem de que o mesmo não volta a acontecer.”
Riley quase perguntou…
Não começarão noutro bairro?
Mas ela sabia que era uma pergunta estúpida. É claro que o gang retomaria as suas atividades ilícitas noutro local – pelo menos se não fossem apanhados. E então a polícia e o FBI teriam que recomeçar do zero onde quer que isso sucedesse. Era a natureza daquele tipo de trabalho.
Crivaro parou o carro e apontou para a casa mais próxima.
“As buscas já começaram naquela,” Disse ele. “E nós estamos aqui para ajudar.”
Ao saírem do carro, Crivaro disse a Riley com firmeza.
“Por ‘nós’ referia-me ao Agente McCune e a mim. Você está aqui para ver e aprender. Por isso desampare a loja e não mexa em nada.”
Riley sentiu um arrepio perante as suas palavras, mas anuiu obedientemente.
Um polícia de uniforme conduziu-os ao interior da casa. Riley de imediato viu que uma grande operação estava já em progresso. O corredor estreito estava a abarrotar com polícia e agentes envergando coletes do FBI. Estavam a empilhar armas e sacos de droga no meio do chão.







