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Ele perdeu suas forças no mesmo momento.
Dois de seus homens já estavam no chão, incluindo seu irmão. Um terceiro—que havia assistido sua batalha com Desoto—arregalou os olhos, surpreso. Ele puxou uma arma. Avery atingiu a mão dele com o bastão, girou e acertou-o no rosto. Ele caiu junto a uma parede.
Ramirez tomou conta dos outros dois.
Avery bateu com o bastão na parte de trás do joelho de um dos homens. Ele levantou-se. Ela voltou a golpeá-lo no peito, o derrubando novamente, e chutou seu rosto. O outro homem a deu um soco na mandíbula e a carregou, aos berros, até a mesa de pôquer.
Eles caíram juntos.
O homem estava por cima e proferia muitos socos. Avery conseguiu segurar um dos pulsos dele e rolar. Ele caiu e ela pode girar e segurar um dos braços em um movimento de imobilização. Ela deitou em posição perpendicular ao corpo dele. Suas pernas estavam sobre a barriga dele e o braço do homem estava muito estendido.
- Me solte! Me solte! – O homem gritava.
Ela levantou uma perna e chutou seu rosto, até que ele desmaiasse.
- Vá se foder! – Ela gritou.
A sala ficou em silêncio. Todos os cinco homens, incluindo Desoto, estavam abatidos.
Ramirez rosnou e prendeu as pernas e braços do líder.
- Meu Deus... – ele murmurou.
Avery pegou uma arma do chão. Ela apontou-a para a porta do porão. Quase ao mesmo tempo, Tito apareceu.
- Não se atreva a pegar sua arma! – Avery gritou. – Está escutando? Não faça isso!
Tito olhou para a arma na mão dela.
- Se você puxar uma arma eu atiro.
Era impossível para Tito acreditar no que estava vendo naquela sala; seu queixo praticamente caiu quando ele viu Desoto.
- Vocês fizeram tudo isso? – Ele perguntou seriamente.
- Largue a arma!
Ele apontou para ela.
Avery atirou duas vezes em seu peito e o fez voar de volta para as escadas.
CAPÍTULO OITO
Fora da cafeteria, Avery segurava uma compressa de gelo em seu olho. Duas feridas feias latejavam no local, e sua bochecha estava inchada. Também estava difícil respirar, o que a fazia pensar que havia fraturado uma costela, e seu pescoço ainda estava ferido e vermelho pelo apertão de Desoto.
Apesar de tudo, Avery se sentia bem. Mais do que bem. Ela tinha se defendido com sucesso de um assassino gigante e cinco outros homens.
Você conseguiu, pensou.
Ela havia passado anos aprendendo a lutar. Incontáveis anos e horas quando ela era apenas mais uma no dojô, fazendo sparring consigo mesma. Ela estivera em outras lutas antes, mas nenhuma contra cinco homens e certamente nenhuma contra alguém forte como Desoto.
Ramirez estava sentado no meio-fio. Ele estivera à beira de um colapso desde toda a cena no porão. Comparado a Avery, ele parecia mal: rosto cheio de cortes e inchaços e constantes tonturas.
- Você foi um animal lá dentro - ele murmurou, - um animal...
- Obrigada? – Ela disse.
A cafeteria de Desoto ficava no coração do A7, e por isso Avery sentiu-se obrigada a ligar para Simms para pedir reforço. Uma ambulância chegou, junto com vários policiais do A7 para levar Desoto e seus homens por agressão, porte ilegal de armas, e outras pequenas infrações. O corpo de Tito—enrolado em uma capa preta—foi retirado primeiro e colocado no porta malas de um veículo de emergência.
Simms apareceu e balançou a cabeça.
- Que bagunça isso tudo - ele disse, - obrigado pelo trabalho extra.
- Você preferia que eu tivesse ligado para o meu departamento?
- Não - ele admitiu, - acho que não. Temos três departamentos diferentes, todos tentando achar algo contra Desoto, então pelo menos essa situação pode nos ajudar nisso. Não sei o que você tinha na cabeça indo nesse lugar sem reforço, mas você foi bem. Como você derrubou os seis sozinha?
- Eu tive ajuda - Avery disse e olhou para Ramirez.
Ramirez levantou uma mão, agradecendo.
- E o assassinato no iate? – Simms perguntou. – Alguma conexão?
- Acho que não - ela disse. – Dois dos homens dele roubaram a livraria duas vezes. Desoto ficou surpreso e irritado quando soube. Se os outros dois funcionários confirmarem a história, acho que eles estão limpos. Eles queriam dinheiro, não a dona da livraria morta.
Outro policial apareceu e acenou para Simms.
Ele deu um tapinha no ombro de Avery.
- Acho que você vai querer sair daqui agora - disse. – Os tiras estão trazendo eles.
- Não - Avery respondeu. – Eu gostaria de vê-los.
Desoto era tão grande que teve que ser retirado pela porta da frente. Dois policiais estavam em cada lado dele, e mais um atrás. Comparado aos outros, ele parecia um gigante. Seus homens foram trazidos logo depois dele. Todos foram levados a uma van da polícia. Quando passou perto de Avery, Desoto parou e virou-se; nenhum dos policiais conseguiu fazê-lo se mover.
- Black - ele chamou.
- Sim? – Ela respondeu.
- Você sabe aquele alvo que você estava falando?
- Sim?
- Click, click, boom! – Ele disse, com uma piscada.
Ele seguiu olhando para ela por mais um segundo antes de deixar que os policiais o carregassem até a van.
Ameaças indolentes eram parte do trabalho. Avery aprendera isso há muito tempo, mas alguém como Desoto deixava a coisa mais séria. Por fora, ela seguiu parada e olhando de volta até que ele desaparecesse, mas por dentro, mal podia se conter.
- Preciso beber algo - ela disse.
- Não mesmo - Ramirez respondeu. – Estou acabado.
- Vou te dizer algo - ela disse. – Qualquer bar que você queira. Sua escolha.
Ele se animou imediatamente.
- Sério?
Avery nunca havia se oferecido para ir a um bar que Ramirez quisera. Quando ele saia, bebia com o esquadrão, enquanto Avery preferia lugares quietos, bares escondidos perto de sua casa. Desde que eles começaram a ter algo, Avery nunca havia o acompanhado ou bebido com qualquer outra pessoa do departamento.
Ramirez levantou-se rapidamente.
- Eu conheço o lugar certo - disse.
CAPÍTULO NOVE
- Cacete, Avery! – Finley rosnou com o tom de voz embriagado. – Você derrubou seis caras do Chelsea Death Squad, entre eles Juan Desoto? Não acredito. Não acredito nessa porra. Dizem que Desoto é um monstro. Algumas pessoas não acreditam nem que ele existe.
- Ela conseguiu - Ramirez jurou. – Eu estava lá, cara. Estou de dizendo, ela fez isso. Essa mulher é uma mestre do kung-fu ou algo do tipo. Você tinha que ter visto ela. Rápida como a luz. Nunca vi nada daquilo. Como você aprendeu a lutar assim?
- Muitas horas na academia - Avery disse. – Não tinha vida. Não tinha amigos. Só eu, uma mochila e um monte de suor e lágrimas.
- Você tem que me ensinar alguns desses golpes – ele pediu.
- Você se virou bem sozinho lá – Avery disse. – Você me salvou duas vezes, se eu me lembro bem.
- Sim, é verdade - ele concordou para que todos ouvissem.
Eles estavam no Joe’s Pub na Canal Street, um bar de tiras a apenas algumas quadras do A1. Na grande mesa de madeira estavam todos que já haviam estado no esquadrão de homicídios com Avery: Finley, Ramirez, Thompson e Jones, além de dois outros tiras de rondas que eram amigos de Finley. O supervisor de Homicídios do A1, Dylan Connelly, estava em outra mesa, não tão longe, bebendo com alguns homens que trabalhavam em sua unidade. De vez em quando, ele olhava para tentar encontrar os olhos de Avery. Ela não chegou a perceber.
Thompson era a maior pessoa no bar inteiro. Praticamente albino, ele tinha a pele muito branca, com cabelos loiros finos, lábios grossos e olhos claros. Bêbado, ele olhou para Avery.
- Eu te derrubaria - ele declarou.
- Eu derrubaria ela - Finley disse. – Ela é uma menina. Meninas não lutam. Todo mundo sabe. Deve ter sido sorte. Desoto estava doente e seus homens ficaram todos cegos de repente quando viram a belezinha. Não tem como ela ter derrubado eles em forma. Impossível.
Jones, um jamaicano velho e magro, inclinou-se para frente, realmente interessado.
- Como você derrubou Desoto? – ele perguntou. – Sério, sem papinho de academia. Eu também treinei muito e olhe para mim. Eu mal consigo dar um soco.
- Eu tive sorte - Avery disse.
- Sim, mas como? – Ele queria mesmo saber.
- Jiu-jitsu - ela disse. – Eu costumava correr quando era advogada, mas depois de todo o escândalo, correr pela cidade não era mais o que eu queria. Eu entrei na aula de jiu-jitsu e ficava horas lá, todos os dias. Acho que eu estava tentando expurgar minha alma ou algo do tipo. Eu gostei. Muito. Tanto que o professor me deu as chaves da academia e disse que eu poderia ir quando quisesse.
- Porra de jiu-jitsu, - Finley disse como se fosse um palavrão. – Eu não preciso de karatê. Eu só ligo para os meus caras e eles chegam atirando - ele disse e fez o gesto de uma metralhadora. – Eles estouram a cabeça de todo mundo!
Uma rodada de shots foi pedida para comemorar a noite.
Avery jogou sinuca, jogou dardos e, às dez, ela estava morta de cansada. Era a primeira vez que ela de fato saia com sua equipe, e isso lhe deu uma verdadeira sensação de comunidade. Em um raro momento de vulnerabilidade, ela colocou seus braços em volta de Finley na mesa de sinuca.
– Eu gosto de todos vocês - disse.
Finley, parecendo deslumbrado pelo toque e pelo fato de ter uma loira alta e linda a seu lado, ficou sem palavras.
Ramirez ficou no bar, sentado sozinho, onde esteve por toda a noite. Avery caminhou até ele e quase caiu no chão. Ela colocou seu braço em volta do pescoço dele e o deu um beijo na bochecha.
- Está melhor? – Ela perguntou.
- Está doendo.
- Ah - ela murmurou. – Vamos embora daqui. Eu vou fazer você melhorar.
- Não - ele resmungou.
- O que aconteceu?
Ramirez estava perturbado quando virou-se.
- Você - ele disse. – Você é incrível em tudo o que faz. E eu? Eu me sinto jogado de lado às vezes, sabe? Até você aparecer, eu pensava que era um tira dos bons, mas quando nós estamos juntos eu vejo minhas falhas. Hoje de manhã—quem mais poderia ter impedido aquele cara de atirar naquele tira? Na doca, quem mais poderia ter visto o que você viu? Quem mais poderia ter ido até a cafeteria do Desoto e derrubado ele? Você é boa demais, Avery, e isso me faz questionar o meu próprio valor.
- Ah não - Avery disse e aproximou sua testa da dele. – Você é um tira excelente. Você salvou minha vida. De novo. Desoto teria quebrado meu pescoço em dois.
- Qualquer um poderia ter feito aquilo - ele disse e se afastou.
- Você é o tira mais bem vestido que eu conheço,- ela disse, - e o mais entusiasmado, e você sempre me faz sorrir com seu jeito positivo.
- Mesmo?
- Claro - ela insistiu. – Eu fico muito presa nos meus pensamentos. Poderia ficar lá por semanas. Você me faz sair da minha bolha e me sentir como mulher.
Ela o beijou nos lábios.
Ramirez abaixou a cabeça.
- Obrigado - ele disse. – Sério, obrigado. Isso significa muito para mim. Estou bem. Só me dê um minuto, ok? Só preciso terminar esse copo e pensar sobre algumas coisas.
- Claro - ela respondeu.
O bar estava ainda mais cheio do que quando eles chegaram. Avery olhou para as pessoas. Thompson e Jones haviam ido embora. Finley estava jogando sinuca. Havia um casal de agentes que ela reconheceu do escritório, mas ninguém que ela quisesse mesmo conversar. Dois homens bem vestidos acenaram para ela e apontaram para alguns drinks. Ela balançou a cabeça.
Imagens apareceram em sua mente: as mãos de Desoto em seu pescoço, e a mulher no barco com a sombra misteriosa e a estrela.
Avery pediu outra bebida e encontrou uma mesa vazia perto dos fundos. Para qualquer pessoa que olhasse, ela sabia que pareceria louca: uma mulher sozinha, com o rosto machucado, mãos na mesa em volta da bebida e os olhos focados no nada, enquanto, por dentro, pensava em tudo o que acontecera no dia e tentava achar conexões.
Desoto, nada.
Os pais, nada.
Amigos? Avery se deu conta de que precisaria segui-los em algum momento, provavelmente logo.
Por que o assassino desenhou uma estrela? Ela tentou imaginar.
Ela pensou sobre o apartamento onde o assassinato aconteceu, os livros, as roupas no cesto e o tapete faltando. Ele é grande, ela pensou, e forte, e ele definitivamente tem algo no ombro. As câmeras estavam inativas, o que significa que ele também é dissimulado. Teve treinamento militar? Talvez.
Ela pensou por outro ângulo.
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