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"Aiden está aqui?" Caitlin pergunta para Tyler.
"É exatamente isso que eu estive me perguntando por um tempo agora", responde Tyler. "Eu não o vejo há semanas. Às vezes, ele desaparece por um tempo. Você sabe como ele é.”.
Caitlin entende perfeitamente, na verdade. Ela pensa em todas as outras vezes, todos os lugares que ela tinha estado com eles. Ela precisa desesperadamente falar com ele agora, para saber mais sobre por que eles haviam desembarcado naquele lugar e tempo, para descobrir se Sam e Polly estavam bem, para saber mais sobre a última chave e, acima de tudo, se seu pai estava ali. Ela tem muitas perguntas urgentes que simplesmente precisa perguntar a ele. Tipo, o que tinha acontecido em Londres, antes de serem todos enviados de volta? Kyle havia conseguido sobreviver?
Ao se aproximarem do castelo, Caitlin olha para cima e admira a altura de quase 20 metros que se estende por muitos níveis, em formato retangular, com várias torres quadradas e parapeitos. O castelo imponente fica no topo de um penhasco, com vista para o grande lago e para o céu aberto, e ao contrário de outros castelos, é iluminado e arejado, com dezenas de janelas. O caminho até ele é impressionante, com uma ampla estrada de pedra que conduz a um portão frontal e uma imponente porta arqueada. Este claramente não é um lugar de fácil acesso, e quando Caitlin olha para cima, vê guardas humanos em todas as torres, observando-os com olhos de águia.
Quando se aproximam da entrada, de repente há um som de trombetas, seguido pelo estrondo dos cascos dos cavalos.
Caitlin se vira. Galopando ao longo do horizonte, aproximando-se rapidamente na direção deles, há dezenas de guerreiros humanos, vestidos com armadura. Um homem imponente vestindo peles os lidera. Ele tem uma grande barba laranja, é ladeado por atendentes, e exibe o comportamento de um rei. Ele tem traços suaves, e parece ser do tipo que sorri facilmente. O homem é seguido por um grande séquito de guerreiros, e Caitlin teria ficado tensa, se não fosse por Taylor e Tyler estarem tão relaxados. Claramente, aqueles eram seus amigos.
Quando os soldados param diante deles e se separam, Caitlin fica paralisada, completamente em choque.
Ali, no centro do grupo, desmontando dos cavalos, estão as duas pessoas que ela mais ama no mundo. Ela não consegue acreditar. Caitlin pisca várias vezes. São realmente eles.
De pé diante dela, sorrindo para ela, estão Sam e Polly.
*Caitlin e Sam dão um passo à frente diante dos dois grandes grupos de guerreiros e se reúnem em um enorme abraço. Caitlin se sente aliviada por estar abraçando seu irmão, e por ser abraçada, por ver e sentir que ele está vivo, e realmente ali. Ela então se inclina e abraça Polly, Caleb também se aproxima e dá um abraço em Sam e Polly.
"Polly!" Scarlet grita, ao se aproximar correndo com Ruth latindo ao seu lado. Polly ajoelha-se e a abraça, envolvendo-a em seus braços.
"Eu achei que nunca a veria de novo!" Diz Scarlet.
Polly fica radiante. "Você não vai conseguir se livrar de mim assim, tão facilmente!"
Ruth late, e Polly se ajoelha e a abraça, enquanto Sam abraça Scarlet.
Caitlin sente-se aquecida pela presença de todos ali; sua família e entes queridos, reunidos finalmente. Ela se lembra de Londres, de todos os doentes e moribundos, uma época em que ela não poderia imaginar que uma cena feliz assim jamais fosse possível. Caitlin se sente agradecida que ao menos isso parece estar resolvido, e fica espantada com todas as experiências por que já tinha passado. Isso a faz sentir-se grata pela imortalidade. Ela não consegue imaginar o que ela faria com apenas uma vida.
"O que aconteceu com vocês?" Caitlin pergunta para Sam. "A última vez que o vi, você me prometeu que não sairia do lado de Caleb e de Scarlet. E quando eu voltei você não estava lá."
Caitlin ainda está chateada com a traição de Sam.
Sam e Polly olham para baixo envergonhados.
"Eu sinto muito," diz Sam. "A culpa foi minha. Polly foi sequestrada, e eu os abandonei para salvá-la."
"Não, a culpa é minha," emenda Polly. "Sergei havia dito que conhecia uma cura, e que eu tinha que ir com ele para consegui-la. Eu era tão estúpida que acreditei nele. Eu pensei que poderia salvá-los. Mas eu quebrei minha promessa a você. Será que você vai conseguir me perdoar?"
"E a mim?" Pergunta Sam.
Caitlin olha para ambos os seus rostos, e vê sinceridade neles. Uma parte dela ainda está chateada que eles tenham quebrou a promessa e deixado Scarlet e Caleb tão indefesos. Mas outra parte dela, uma parte que estava evoluindo, lhe diz para perdoá-los completamente e esquecer o que havia acontecido.
Ela respira fundo, e se concentra em esquecer. Ela solta o ar, e acena com a cabeça.
"Sim, eu perdoo vocês," ela fala.
Ambos sorriem de volta.
"Você pode até perdoá-los,” diz de repente o Rei McCleod, desmontando e caminhando na direção deles, "mas eu não vou perdoá-los por embaraçar meus homens dessa forma!" ele diz, soltando uma gargalhada. "Especialmente Polly. Vocês dois envergonharam meus melhores guerreiros. Claramente, temos muito a aprender com vocês, como já aprendemos com os outros. Vampiros contra seres humanos. Nunca é uma luta justa," diz ele, balançando a cabeça, com outra gargalhada.
McCleod adianta-se e se aproxima de Caitlin e Caleb. Caitlin gosta dele imediatamente. Ele é rápido para sorrir, com uma gargalhada profunda e reconfortante, e parece colocar todos ao seu redor à vontade.
"Bem-vindos à nossa ilha," ele fala, esticando o braço e pegando a mão de Caitlin para beijá-la enquanto faz uma reverência. Em seguida, ele estica o braço e aperta a mão de Caleb calorosamente entre as suas. "A ilha de Skye. Não há lugar como ele na terra. O último refúgio para os maiores guerreiros. Este castelo está na minha família há centenas de anos. Vocês ficarão conosco. Aiden ficará feliz em saber que vocês estão aqui, assim como meus homens. Eu oficialmente os recebo de braços abertos!” completa ele com um grito, e todos os seus homens aplaudem.
Caitlin se sente oprimida por toda aquela hospitalidade. Ela mal sabe como responder.
"É um grande prazer," ela diz.
"E nós lhe agradecemos por sua graciosidade," diz Caleb.
"Você é um rei?" Scarlet pergunta, adiantando-se. "Existe uma princesa de verdade aqui?"
O rei olha para baixo e cai na gargalhada, mais alta e mais profunda do que antes. "Deixe-me ver, eu sou rei, sim, é verdade, mas receio que não haja nenhuma princesa aqui. Apenas nós, os homens. Mas talvez você possa corrigir isso, minha querida!" Diz ele com uma risada, dando dois passos pra frente, ele pega Scarlet no colo e começa a girar. "E qual é o seu nome?”.
Scarlet enrubesce, de repente tímida.
"Scarlet," ela responde, olhando para baixo. "E essa é Ruth," ela completa, apontando para baixo.
Ruth late, como que em resposta, e McCleod coloca Scarlet no chão com uma risada, e acaricia o pelo de Ruth.
"Tenho certeza que todos vocês estão famintos," ele diz. "Para o castelo!" o rei grita. "É hora de comemorar!"
Todos os seus homens gritam, virando-se em grupo, e se dirigem para a entrada do castelo. Assim que fazem isso, fileiras de guardas se colocam a postos.
Sam passa o braço em torno do ombro de Polly, e Caleb em torno de Caitlin, enquanto eles caminharam juntos em direção à entrada do castelo. Caitlin sabe que não deveria, mas apesar de seus esforços, ela alimenta a esperança de que, talvez, desta vez, tivessem encontrado um lar permanente, um lugar no mundo onde todos pudessem, finalmente, ficar em paz para sempre.
CAPÍTULO SEIS
Aquela é a recepção mais calorosa e generosa que Caitlin poderia ter imaginado. A chegada deles tinha sido como uma longa celebração. Eles encontram um membro do coven após o outro, e ela vê rostos que não tinha visto pelo que parecia uma eternidade – Barbara, Cain, e muitos outros. Todos se sentam para almoçar em uma mesa de banquete enorme, no caloroso castelo de pedra, com peles sob seus pés, tochas ao longo das paredes, aquecidos pelas chamas da lareira enquanto cães correndo ao redor deles. A sala é quente e aconchegante, e Caitlin percebe que está frio para a época – o final de outubro, como Caitlin havia sido informada. 1350. Caitlin não consegue acreditar. Ela está quase a 700 anos do século XXI.
Ela sempre havia se perguntado como seria a vida nessa época, – nos tempos de cavaleiros, armaduras, castelos… Mas ela nunca tinha imaginado nada parecido. Apesar da mudança gritante na paisagem, a ausência de grandes vilas ou cidades, as pessoas ainda são muito calorosas, muito inteligentes, muito humanas. De muitas maneiras, não são muito diferentes do povo de seu tempo.
Caitlin se sente em casa neste tempo e lugar. Ela tinha passado horas a conversando com Sam e Polly, ouvindo suas histórias, sua versão do que havia acontecido com eles ainda na Inglaterra. Ela fica horrorizada ao ouvir o que tinha acontecido entre Sergei e Polly, e orgulhosa de Sam por tê-la salvo.
E durante toda a noite, ela não consegue deixar de notar que Sam mal tira os olhos de Polly. Como uma irmã mais velha, ela sente que uma grande mudança tinha acontecido dentro dele. Ele finalmente parece mais maduro, e pela primeira vez na história, verdadeiramente e totalmente apaixonado.
No entanto, Polly, desta vez, parece um pouco mais evasiva. É mais difícil para Caitlin entender como Polly se sente, e quais são seus sentimentos por Sam. Talvez seja porque Polly é mais reservada. Ou talvez seja porque desta vez, Polly realmente se importa. Caitlin sente que, no fundo, Sam significa o mundo para ela, e que ela está sendo extremamente cuidadosa para não revelar seus sentimentos, ou estragar tudo. Caitlin nota que de vez em quando, quando Sam desvia o olhar, Polly dá uma rápida espiada na direção dele. Mas então ela rapidamente desvia os olhos, para que Sam não a pegue olhando.
Caitlin sente, sem sombra de dúvida, que seu irmão e sua melhor amiga estão prestes a tornar-se um casal. A ideia a deixa emocionada. É engraçado que ambos ainda estejam negando o que estava acontecendo entre eles, e até mesmo tentando fingir que não é nada importante.
A mesa também está repleta de novos amigos humanos, e Caitlin conhece muitas pessoas por quem sente afinidade. São todos guerreiros. O rei está sentado à cabeceira, rodeado por dezenas de cavaleiros. Durante toda a tarde, eles cantam canções sobre beber, e riem alto enquanto contam histórias de batalhas e de expedições de caça. Caitlin percebe que aqueles escoceses são calorosos e amigáveis, hospitaleiros, gostam de beber, e são excelentes contadores de estórias. E ainda assim eles são muito nobres e orgulhosos, além de grandes guerreiros.
A refeição e histórias duram horas, e o almoço se estende até o final da tarde. Tochas se apagam e são acesas novamente. Várias toras de madeira são adicionadas à lareira de pedra; enormes tonéis de vinho são substituídos. Eventualmente todos os cães, cansados, adormecem sobre os tapetes. Scarlet finalmente adormece no colo de Caitlin, enquanto Ruth se deita ao lado de Scarlet. Ruth havia sido bem alimentada, graças a Scarlet, que tinha sido uma fonte inesgotável de carne. Diversos cães ficaram sentados ao redor da mesa, implorando por restos, mas todos têm o bom senso de ficar longe de Ruth. E Ruth, por sua vez, também não parece interessada em brincar com eles.
Alguns dos guerreiros, satisfeitos após tanta comida e bebida, finalmente cochilam envoltos por suas peles. Caitlin percebe que está distraída, e seus pensamentos a levam para outras épocas e lugares, outros assuntos. Ela começa a se perguntar qual seria sua próxima pista; se seu pai estaria naquele lugar e tempo; onde a sua próxima viagem a levaria. Seus olhos começam a fechar, quando, de repente, ela ouve seu nome.
É o rei, McCleod, dirigindo-se a ela em meio ao barulho.
"E o que você acha disso, Caitlin?" Ele pergunta mais uma vez.
Quando ele fala, a animada conversa ao redor da mesa termina, e as pessoas se viram e olham para ela.
Caitlin se sente envergonhada, pois não estava prestando atenção à conversa. O rei olha para ela, à espera de uma resposta. Por fim, ele limpa a garganta.
"O que você acha do Santo Graal?" Ele repete.
O Santo Graal? Caitlin se pergunta. É sobre isso que eles estavam falando?
Ela não faz a menor ideia. Ela não tinha sequer pensado no Santo Graal, e nem sequer sabe do que se trata. Ela agora gostaria de ter prestado mais atenção à conversa. Ela tenta lembrar o que é o Santo Graal, e volta a pensar nos contos de fadas, mitos e lendas de sua infância. Ela lembra as histórias do Rei Arthur. Excalibur. O Santo Graal…
Lentamente, as lembranças começam a surgir. Se ela não estiver enganada, diz a lenda que o Santo Graal é um cálice ou taça, e que dentro dele há um líquido especial… Sim, agora ela se lembra de tudo. Algumas pessoas acreditavam que o Santo Graal guarda o sangue de Cristo, e que bebê-lo as tornaria imortais. Se ela estiver correta, cavaleiros tinham passado centenas de anos procurando por ele, e arriscado suas vidas tentando encontrá-lo, até os confins da terra. E ninguém jamais o havia encontrado.
"Você acha algum dia ele será encontrado?" Pergunta McCleod novamente.
Caitlin limpa a garganta, enquanto a mesa toda continua olhando para ela à espera de uma resposta.
"Hmm…" ela começa, "Eu realmente nunca pensei nisso," responde ela. "Mas se ele realmente existe… então eu não vejo por que ele não possa ser encontrado."
Interjeições de aprovação são ouvidas na mesa.
"Você vê", diz McCleod a um de seus cavaleiros. "Ela é uma otimista. Eu também acho que ele será encontrado."
"Conto da carochinha," diz um dos cavaleiros.
"E o que você vai fazer quando encontrá-lo?" Perguntou outro cavaleiro. "Essa é a verdadeira questão."
"Mas é claro, eu me tornarei imortal", responde o rei, caindo na gargalhada.
"Você não precisa do Santo Graal para isso," diz outro cavaleiro. "Tudo que você precisa é ser transformado."
Um silêncio tenso de repente toma conta da mesa. Claramente, aquele cavaleiro tinha falado demais, ultrapassando algum limite ao mencionar um assunto tabu. Ele abaixa a cabeça, envergonhado, reconhecendo o seu erro.
Caitlin vê a expressão sombria no rosto de McCleod, e naquele instante ela percebe que ele deseja desesperadamente ser transformado. E que ele obviamente ressente o coven de Aiden por não fazer sua vontade. Claramente, aquele cavaleiro tinha tocado em um ponto sensível, um ponto de tensão entre as duas espécies.
"E como é que é?" Pergunta o rei em voz alta, dirigindo sua pergunta para Caitlin, por algum motivo. "A imortalidade?"
Caitlin se pergunta por que ele tinha que perguntar isso a ela, de todos os vampiros que estavam ali. Ele não poderia ter escolhido outra pessoa?
Ela pensa sobre isso. Como é ser imortal? O que ela poderia dizer? Por um lado, ela ama a imortalidade, adora viver em diferentes períodos e lugares, vendo a sua família e amigos repetidas vezes, em cada novo destino. Por outro lado, algumas partes dela ainda desejam que ela tenha uma vida normal, deseja que haja uma sequência normal para as coisas. Acima de tudo, ela havia se surpreendido com a sensação de brevidade da imortalidade: por um lado, ela tem a impressão de que sua vida duraria para sempre, mas por outro lado, ainda sente como se nunca houvesse tempo suficiente.
"Ela não é tão permanente quanto você deve imaginar."
O resto da mesa balança a cabeça em aprovação para sua resposta.
McCleod de repente se levanta da cadeira. Assim que ele faz isso, os outros também se levantam, colocando-se a postos.
Enquanto Caitlin repassa a conversa em sua mente, se perguntando se teria dito algo para deixá-lo transtornado, de repente ela sente sua presença atrás dela. Ela se vira, e ele está em atrás de sua cadeira.
"Você é sábia além de seus anos," ele diz. "Venha comigo. E traga seus amigos. Eu tenho uma coisa para lhes mostrar. Algo que está esperando por você há muito tempo."
Caitlin fica surpreso. Ela não faz a menor ideia do que possa ser.
McCleod vira e caminha para fora da sala, e Caitlin e Caleb levantam-se, seguidos por Sam e Polly, e o seguem. Eles se entreolham espantados.
Eles atravessam o chão de pedra, seguindo o rei pela câmara enorme e saindo por uma porta lateral, enquanto os cavaleiros em torno da mesa lentamente voltam a se sentar e continuam suas refeições.
O rei McCleod caminha em silêncio, atravessando um estreito corredor iluminado por tochas, com Caitlin, Caleb, Sam e Polly logo atrás. Os salões de pedra antigos são repletos de curvas, e eles finalmente chegam a uma escada.
McCleod pega uma tocha da parede e abre caminho escada abaixo na penumbra. Enquanto caminham, Caitlin começa a se perguntar onde, exatamente, ele os estava levando. O que ele poderia ter para lhes mostrar? Algum tipo de arma antiga?
Finalmente, eles chegam a um nível subterrâneo, bem iluminado por tochas, e Caitlin fica espantada com o que vê. O teto baixo arqueado brilha, – banhado em ouro. Caitlin pode ver imagens ilustradas de Cristo, cavaleiros e cenas bíblicas, misturadas a vários sinais e símbolos estranhos. O chão é feito de pedras antigas, já gastas, e Caitlin não consegue evitar a sensação de que eles haviam chegado a uma câmara secreta.
O coração de Caitlin começa a bater mais rápido, ao sentir que algo importante os aguarda. Ela começa a caminhar mais rápido, correndo para alcançar o Rei.
"Esta tem sido a sala do tesouro do clã McCleod há mil anos. É aqui que guardamos o nossos tesouros, armas e bens mais sagrados. Mas há algo ainda mais valioso, mais sagrado, que todos eles."
Ele para e vira-se para ela.
"É um tesouro que venho guardando apenas para você."
Ele lhe dá as costas e tira uma tocha de uma das paredes laterais, e quando ele faz isso, uma porta escondida na parede de repente se abre. Caitlin fica espantada: ela nunca teria percebido a existência da porta.
McCleod se vira e os guia por outro corredor sinuoso. Finalmente, eles param diante de uma pequena alcova. Diante deles há um trono, sobre o qual há um objeto solitário: um pequeno baú incrustado de joias. A luz da tocha cintila sobre ele, iluminando-o, e McCleod cautelosamente se abaixa para pegá-lo.
Lentamente, ele levanta a tampa. Caitlin não consegue acreditar.
Ali, dentro do baú, há um único pedaço de pergaminho antigo, desbotado, enrugado e rasgado ao meio. Ele está coberto de por uma forma antiga de escrita, com uma caligrafia delicada, em uma linguagem que Caitlin não reconhece. Ao longo de suas bordas há letras multicoloridas, desenhos e símbolos, e no centro há um desenho, semicircular. Mas como ele foi rasgado ao meio, Caitlin não consegue identificar qual deveria ser o desenho original.
"Para você," ele diz, erguendo-o lentamente e esticando o braço na direção de Caitlin.
Caitlin pega o pedaço de pergaminho rasgado, sentindo-a enrugar em suas mãos, e o segura contra a luz das tochas. É uma página rasgada, talvez de um livro. Com toda a sua simbologia delicada, a mensagem em si parece ser uma obra de arte.
"É a página que falta no Livro Sagrado," explica McCleod. "Quando você encontrar o livro, essa página ficará completa. E quando ela estiver completa, você encontrará a relíquia que todos nós estamos procurando."
Ele se vira e olha para ela.
"O Santo Graal".
CAPÍTULO SETE
Caitlin se senta diante da escrivaninha em seu amplo quarto no castelo de Dunvegan, admirando o por do sol pela janela. Ela examina a página rasgada que McCleod lhe dera, segurando-a contra a luz. Ela lentamente corre os dedos ao longo das letras em latim. Elas parecem ser bastante antigas. A página inteira tinha sido lindamente e primorosamente concebida, e ela fica maravilhada com as diversas cores ao longo das bordas do papel. Naquela época, ela percebe, livros eram feitos para ser verdadeiras obras de arte.
Caleb está deitado na cama, enquanto Scarlet e Ruth estão deitadas sobre uma pilha de peles em frente à lareira do outro lado da sala. O quarto é tão grande, que mesmo com todos eles por perto, Caitlin ainda sente sozinha com seus pensamentos. No quarto ao lado, ela sabe, estão Sam e Polly. Aquele tinha sido um longo dia, uma longa festa com o coven de Aiden e os homens do rei, e todos estavam se preparando para a noite.
Caitlin não consegue parar de pensar sobre a página rasgada, a pista, onde ela poderia levá-la, e se ela encontraria a quarta chave. Será que seu pai estaria lá desta vez? Será que ele a estaria esperando, ou por perto? Seu coração bate mais rápido com a possibilidade. Isso significa que ela iria, finalmente, encontrar o escudo? Que tudo isso chegaria ao fim? E o que ela faria em seguida? Para onde ela iria?
É muita coisa para ela a considerar ao mesmo tempo. Ela sente que só precisa se concentrar na pista à sua frente, e dar um passo de cada vez. Caitlin pensa no que McCleod tinha dito sobre o Santo Graal. Ele havia dito a ela que ele e seus homens haviam dedicado suas vidas para encontrá-lo. A lenda dizia que uma mulher iria chegar e guiá-los até ele. Ele acreditava que ela, Caitlin, era aquela mulher. E é por isso que ele lhe dera sua preciosa pista, o antigo pedaço de papel.
Mas Caitlin não tinha tanta certeza. O Santo Graal não era apenas um mito? Ou seria real? E como aquilo tudo estava ligado à sua busca?
Caitlin não sabe o que tudo aquilo significava, mas enquanto reflete, ela percebe que, mais uma vez, ela finalmente havia encontrado um lugar, aquele castelo, com aquelas pessoas, onde ela sente uma sensação de paz e conforto. Ela se sente em casa em Skye, no castelo, com aquele rei, com seus cavaleiros e, claro, por estar mais uma vez com o coven de Aiden. Ela está emocionada por estar novamente junto a Caleb, Scarlet, Sam e Polly. Finalmente, mais uma vez, tudo parece certo no mundo. Está frio e ventando do lado de fora do castelo, e com o fogo intenso de sua lareira, ela se sente confortável ali, e realmente não quer se aventurar por aí, procurando mais pistas. Ela quer ficar exatamente ali. Ela á consegue imaginar ela e Caleb construindo uma vida juntos ali, com Scarlet e Ruth.
Se eles insistissem em suas missões, como isso poderia afetar seu relacionamento com Caleb? Ou até mesmo colocando em risco Scarlet ou Ruth? Caitlin tem a sensação de que sempre que ela está perto de encontrar outra chave, coisas ruins começam a acontecer.
Caitlin lentamente abandona o frágil pedaço de papel, e olha, então, para o diário fechado na frente dela, colocado sobre a mesa. Ela já está bem gasto, com as páginas amassadas pelo uso, e se parece com uma verdadeira relíquia. Ela estende a mão e lentamente vira suas páginas uma a uma, até quase chegar ao fim. Ela percebe, de repente, que não há muitas páginas em branco restantes. Ela não consegue acreditar. Quando ela havia começado a escrever naquele diário, ela tinha pensado que ele duraria para sempre.
Ela ergue a pena, molha o bico no tinteiro, e começa a escrever.
Eu não posso acreditar que este diário está quase terminando. Ao reler algumas das minhas entradas mais antigas, – como as de Nova Iorque, tenho a impressão de que tudo aconteceu a vidas atrás. Mas também parece que tudo aconteceu ontem.
Penso em tudo por que passei, e eu nem sei mais por onde começar. Creio que muitas coisas aconteceram para que eu registre tudo. Então, vou direto aos fatos mais importantes.
Caleb está vivo. Ele sobreviveu à sua doença. Estou junto a ele mais uma vez. E nós vamos nos casar em breve. Nada me deixaria mais feliz.
Scarlet, a mais bela menina de oito anos de idade no mundo, agora faz parte de nossas vidas. Ela agora é nossa filha. Scarlet também sobreviveu à doença, e eu estou muito feliz por isso.
Sem falar em Ruth, que cresceu e se tornou mais forte do que Rose um dia chegou a ser, e ela é o animal mais leal e protetor que eu já vi. Ruth é uma parte importante de nossa família assim como Scarlet e Caleb.
E estou muito feliz de se reunir com Sam e Polly. Finalmente, eu sinto que a minha família inteira está de volta juntos novamente, sob o mesmo teto.
Estou ansiosa pelo nosso casamento. Caleb e eu não tivemos a chance de falar sobre isso ainda, mas eu sinto que será em breve. Quando eu era mais jovem, sempre tentei imaginar como seria o dia do meu casamento. Mas nunca imaginei algo remotamente parecido com o que isso pode ser. Um casamento vampiro? Como será minha cerimônia?