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Aquele monstro era imbatível.
A criatura se inclinou para trás e berrou, todos os irmãos da Legião de Thor olharam para cima, espantados. Todos tinham atacado com tudo o que tinham e nem sequer haviam podido arranhá-la.
A criatura preparou-se para avançar sobre eles novamente, com suas mandíbulas cortantes e suas garras afiadas, Thor percebeu que não havia mais nada que pudessem fazer. Todos iriam morrer.
“FORA DO CAMINHO!” Ouviu-se um grito repentino.
A voz vinha de detrás de Thor e soava como a voz de alguém jovem. Thor se virou e viu um jovem de talvez onze anos, correr atrás deles, carregando o que parecia ser uma jarra com água. Thor se abaixou e o garoto jogou a água, espirrando-a por todo o rosto da criatura.
A criatura se inclinou para trás e gritou, o vapor saía da sua face, chegando até suas garras e dilacerando seu rosto, seus olhos, sua cabeça. Ela gritava uma e outra vez, o barulho era tão alto que Thor teve de tapar os ouvidos.
Por fim, o animal virou-se e saiu correndo de volta para a selva, perdendo-se na vegetação.
Todos eles se viraram e olharam para o garoto com um novo senso de admiração e apreço. Sua roupa estava em farrapos, ele tinha cabelos castanhos e compridos e seus olhos inteligentes eram de um verde brilhante. O garoto estava coberto de sujeira e parecia, a julgar pelos seus pés descalços e suas mãos sujas, que ele vivia por ali.
Thor nunca havia estado tão agradecido a alguém.
“As armas não causam nenhum dano ao Gathorbeast.” O garoto disse com um olhar de descaso. “Vocês tiveram a sorte de que eu estava por perto e ouvi os gritos. Do contrário, todos vocês estariam mortos agora. Vocês não sabem que jamais devem enfrentar um Gathorbeast?”
Thor olhou para seus amigos, todos sem palavras.
“Nós não o confrontamos.” Disse Elden. “Ele nos confrontou.”
“Eles não confrontam você…” Disse o garoto. “… A menos que você invada o território dele.”
“E o que esperava que nós fizéssemos?” Perguntou Reece.
“Bem, nunca olhe nos olhos de nenhum deles. Disse o garoto. “E se ele atacar, deite-se de bruços até que ele o deixe em paz. “E acima de tudo, nunca tente fugir.”
Thor se aproximou e pôs a mão no ombro do garoto.
“Você salvou nossas vidas.” Disse ele. “Nós temos uma dívida muito grande para com você.”
O garoto deu de ombros.
“Vocês não parecem membros das tropas do Império.” Disse ele. “Parece que vocês vieram de algum outro lugar do mundo. Então, por que eu não haveria de ajudá-los? Vocês parecem ter as características desse grupo que veio no navio alguns dias atrás.”
Thor e os outros trocaram um olhar de entendimento e se viraram para o garoto.
“Você sabe para onde esse grupo se dirigiu?” Thor perguntou.
O rapaz deu de ombros.
“Era um grupo grande e eles estavam carregando uma arma. Ela parecia ser bem pesada; era preciso que todos eles a carregassem. Eu os segui por vários dias. Eles eram fáceis de rastrear. Eles eram lentos; também eram desleixados e descuidados. Eu sei para onde eles foram, apesar de que eu não os segui muito além da aldeia. Eu posso levá-los até lá e apontar-lhes na direção certa, se você quiserem. Mas não vai ser hoje.”
Os outros trocaram um olhar perplexo.
“Por que não?” Thor perguntou.
“A noite cai em poucas horas. Vocês não podem ficar aqui fora depois do anoitecer.”
“Mas por quê?” Perguntou Reece.
O garoto olhou para ele como se ele fosse louco.
“Os Ethabugs.” Disse ele.
Thor adiantou-se e olhou para o garoto. Ele gostou daquele garoto imediatamente. Ele era inteligente, sério, sem medo e tinha um coração valente.
“Você sabe de um lugar onde possamos nos abrigar durante a noite?”
O garoto olhou para Thor, depois deu de ombros, parecendo duvidoso. Ele ficou ali, hesitante.
“Eu não sei.” Disse ele. “Meu avô vai ficar bravo comigo.”
Krohn repentinamente saiu de detrás de Thor e caminhou na direção do garoto, os olhos do garoto se iluminaram deleitados.
“Uau!” Exclamou o garoto.
Krohn lambeu o rosto do garoto, uma e outra vez e ele ria de prazer, então ele estendeu a mão e acariciou a cabeça de Krohn. Em seguida, o garoto ajoelhou-se, baixou sua lança e abraçou Krohn. Krohn parecia abraçá-lo de volta e o garoto ria freneticamente.
“Qual é seu nome?” Perguntou o garoto. “O que ele é?”
“Seu nome é Krohn.” Thor disse sorrindo. “Ele é um leopardo branco, raro. Ele vem do outro lado do oceano. Do Anel. Do lugar de onde nós somos. Ele gosta de você.”
O garoto beijou Krohn várias vezes e, finalmente, levantou-se e olhou para Thor.
“Bem…” Disse o garoto, hesitante. “Eu acho que posso levá-los para nossa aldeia. Esperemos que o vovô não fique muito zangado. Se ele ficar, o azar é de vocês. Sigam-me. Temos de nos apressar. Será noite em breve.”
O garoto virou-se rapidamente e abriu o seu caminho através da selva, Thor e os outros o seguiram. Thor estava surpreso com a destreza do garoto e por ver como ele conhecia a selva tão bem. Era difícil acompanhá-lo.
“As pessoas aparecem por aqui de vez em quando.” Disse o garoto. “O oceano e as correntes trazem-nas direto para a baía. Algumas pessoas vêm do mar e estão por aqui de passagem em seu caminho para outro lugar. A maioria delas não consegue sobreviver. Elas são comidas por uma coisa ou outra na selva. Vocês tiveram sorte. Existem coisas muito piores aqui do que o Gathorbeast.”
Thor engoliu em seco.
“Pior do que o quê? Como o quê?”
O garoto abanou a cabeça, continuando a caminhar.
“Você não vai querer saber. Eu tenho visto coisas horríveis aqui.”
“Há quanto tempo está aqui?” Thor perguntou curioso.
“Toda a minha vida.” Disse o garoto. “Meu avô se mudou para cá quando eu era pequeno.”
“Mas por que se mudou para cá, para este lugar? Certamente deve haver lugares mais acolhedores.”
“Você não conhece o Império, não é?” O garoto perguntou. “As tropas estão em toda parte. Não é tão fácil ficar fora da vista delas. Se elas conseguirem nos pegar, elas nos farão escravos. No entanto, elas raramente vêm aqui, nunca se metem no meio desta selva.”
Eles cortaram um pedaço grosso da folhagem, Thor estirou o braço para afastar uma folha de seu caminho, mas o rapaz se virou e empurrou a mão de Thor, gritando:
“NÃO TOQUE NISSO!”
Todos pararam e Thor olhou para a folha que ele quase tinha tocado. Ela era grande, amarela e parecia bastante inofensiva.
O garoto estendeu a mão e com a sua vara e gentilmente tocou a ponta da folha; ao fazer isso, a folha de repente enroscou-se em torno da vara de uma maneira incrivelmente rápida, o que seguiu foi um chiado enquanto a ponta da vara se desintegrava.
Thor estava chocado.
“Uma folha Sensitiva.” Disse o garoto. “Venenosa. Se você a tivesse tocado, você estaria sem uma mão agora.”
Thor olhou para toda a vegetação com um novo respeito. Ele estava maravilhado com a sorte que tinha tido ao encontrar aquele garoto.
Eles continuaram a sua caminhada, Thor mantinha as mãos perto de seu corpo, assim como os outros. Eles tentavam ser mais cuidadosos com todos os lugares onde pisavam.
“Fiquem perto uns dos outros e sigam exatamente meus passos.” Disse o garoto. “Não toquem em nada. Não tentem comer esses frutos. E não cheirem aquelas flores a menos que vocês queiram desmaiar.”
“Ei o que é isso?” O’Connor perguntou virando-se e olhando para uma fruta enorme pendurada em um galho, ela era longa, estreita e de uma cor amarela, reluzente. O’Connor deu um passo em direção a ela e estendeu a mão.
“NÃO!” O garoto exclamou.
Mas já era tarde demais. Quando ele tocou a fruta, o chão cedeu sob todos eles e Thor se encontrou deslizando precipitando-se por uma colina e sendo arrastado pela lama e pela água. Eles estavam presos em um deslizamento de terra e não podiam parar.
Todos eles gritavam enquanto deslizavam na lama, por centenas de metros, direto para as profundezas escuras da selva.
CAPÍTULO SETE
Erec montava seu cavalo, respirando com dificuldade, preparando-se para atacar os duzentos soldados à sua frente. Ele lutou bravamente e tinha conseguido derrubar a primeira centena, mas agora seus ombros estavam enfraquecidos, suas mãos tremiam. Sua mente estava pronta para lutar para sempre, mas ele não sabia por quanto tempo seu corpo a acompanharia. Ainda assim, ele iria lutar com todas as forças, tal como tinha feito toda a sua vida e deixaria que o destino tomasse a decisão por ele.
Erec gritou e esporou o cavalo desconhecido, o qual ele tinha roubado de um de seus oponentes e avançou para os soldados.
Eles o atacaram de volta, igualando ferozmente o seu solitário grito de guerra com o deles. Muito sangue já tinha sido derramado sobre aquele campo e era óbvio que ninguém iria abandoná-lo antes de ver inimigo do outro lado, morto.
Erec atacou, ele retirou um punhal de arremesso de seu cinto, mirou e atirou-o no líder dos soldados que estava diante dele. Foi um arremesso perfeito, o punhal se alojou na garganta do soldado, ele levou as mãos ao seu pescoço, soltou as rédeas e caiu do cavalo. Como Erec esperava, ele caiu aos pés dos outros cavalos, fazendo com que vários deles tropeçassem e derrubassem uns aos outros no chão.
Erec levantou um dardo com uma mão, na outra mão ele carregava seu escudo, ele baixou sua viseira e investiu com destemor. Ele iria atacar aquele exército tão rápido e duramente como fosse possível, aparar tantos golpes quanto pudesse e romperia suas filas durante o processo.
Erec gritou quando avançou para o grupo. Todos os seus anos de torneio medieval lhe haviam sido muito úteis, ele usou o longo dardo habilmente, abatendo um soldado após o outro, derrubando-os em sucessão. Ele se agachou e com a outra mão cobriu-se com o escudo; ele sentiu uma chuva de golpes descendo sobre ele, sobre seu escudo, sobre sua armadura, os golpes provinham de todas as direções. Ele foi golpeado por espadas, machados e maças, era uma tempestade de golpes metálicos. Erec rezou para que sua armadura os suportasse. Ele aferrou-se ao seu dardo, abatendo tantos soldados quanto podia enquanto atacava, cortando caminho através do enorme grupo.
Erec não diminuiu seu ritmo e depois de cerca de um minuto de cavalgada, finalmente ele conseguiu passar para o outro lado, para o espaço aberto, tendo antes traçado um caminho de devastação bem no meio do grupo de soldados. Ele tinha abatido pelo menos uma dúzia de soldados, mas ele havia sofrido durante o processo. Ele respirou fundo, seu corpo estava dolorido, o barulho de metais ainda ressoava em seus ouvidos. Ele sentia como se tivesse sido colocado dentro de um moedor de carne. Ele olhou para baixo e viu que estava coberto de sangue. Felizmente, ele não havia sofrido nenhum ferimento grave. Seus ferimentos pareciam ser apenas pequenos arranhões e cortes.
Erec cavalgava em um grande círculo, dando várias voltas, preparando-se para enfrentar o exército de novo. Eles também tinham se virado e se preparado para atacá-lo mais uma vez. Erec estava orgulhoso de suas vitórias até agora, mas estava ficando difícil para ele recuperar o fôlego. Ele sabia que mais uma passagem por aquele grupo poderia acabar com sua vida. Apesar disso, ele se preparou para atacar de novo, ele jamais estaria disposto a recuar diante de uma luta.
De repente, ouviu-se um grito incomum provir de detrás do exército, Erec estava inicialmente confuso ao ver um contingente de soldados que atacava pela retaguarda. Mas então, ele reconheceu a armadura e seu coração disparou: era Brandt, seu amigo íntimo do Exército Prata, juntamente com o Duque e dezenas de seus homens. O coração de Erec desceu para o estômago quando ele avistou Alistair entre eles. Ele pediu-lhe para ficar na segurança do castelo e ela não tinha escutado. Por isso, ele a amava mais do que ele poderia expressar.
Os homens do Duque atacaram o exército por trás, com um grito de batalha feroz, provocando o caos. Metade do exército virou-se para enfrentá-los e eles se encontraram em meio a um grande clangor de metal. Brandt liderava o caminho com seu machado de duas mãos. Ele o balançou para o soldado líder, cortando-lhe a cabeça, depois ele girou seu machado ao redor e com o mesmo movimento, o incrustou-o no peito de outro homem.
Erec, inspirado, recobrou suas forças: ele se aproveitou do caos e atacou a outra metade do exército. Ele seguiu a galope, inclinou-se e pegou uma lança que estava fincada na terra, então se inclinou para trás e arremessou-a com a força de dez homens. A lança atravessou a garganta de um soldado e continuou sua trajetória, alojando-se no peito de outro.
Então, Erec levantou bem alto sua espada e desceu-a sobre o primeiro soldado que alcançou, cortando o cabo de sua maça ao meio, em seguida, ele girou ao redor e decepou a cabeça do homem.
Erec continuou lutando, avançando para o grupo de homens com toda sua energia restante, empurrando, bloqueando, aparando, atacando todos os soldados que pululavam por todos os lados. Ele levantava seu escudo e bloqueava golpe após golpe, enquanto atacava alternadamente. Em poucos instantes, os soldados estavam todos convergindo ao seu redor, dezenas deles, atacando-o em todas as direções.
Ele matou mais homens do que ele poderia contar, mas simplesmente havia muitos deles, mesmo com os homens do Duque ocupando-se da retaguarda. Um deles desferiu um golpe com sua clava atingindo as costas de Erec entre as omoplatas. Erec gritou de dor quando a bola de metal coberta de puas atingiu sua espinha. Ele caiu do cavalo e foi parar no chão, o impacto o deixou sem ar.
Mas ele não desistiu. Seus instintos vieram à tona e ele teve a percepção para rolar pelo chão imediatamente, levantar seu escudo e bloquear um golpe que vinha em descenso direto para a sua cabeça. Em seguida, ele defendeu-se com sua espada, decepando o braço do homem.
Um soldado vinha diretamente destinado a pisar a cabeça de Erec, mas ele rolou para fora do caminho, virou-se e cortou as pernas do seu cavalo, enviando o cavaleiro para o chão; Erec rolou sobre si mesmo e apunhalou o homem no peito.
Mais e mais homens convergiam para Erec, ele rolou pelo chão, ajoelhou-se e bloqueou golpe após golpe, contra-atacando quando ele podia, já que estava cercado. Seus ombros estavam enfraquecendo. Um cavaleiro particularmente grande, com uma longa barba reta, adiantou-se e levantou bem alto um machado. Erec levantou seu escudo para bloqueá-lo, mas outro soldado o arrancou de sua mão com um chute e antes que ele pudesse reagir, um terceiro soldado pisou em seu peito, prendendo-o ao chão. Havia simplesmente muitos deles e Erec estava esgotado. Não havia mais nada que ele pudesse fazer, além de ver quando o grande cavaleiro começou a descer o machado sobre ele.
De repente, ocorreu um grande tumulto, Erec olhou para cima e viu Brandt chegar, levantar bem alto sua espada e com um grito feroz, balançá-la com todas as forças cortando o cabo do machado ao meio e decepando a cabeça enorme do cavaleiro, tudo isso em um único golpe.
Logo o Duque e vários outros se aproximaram, atacando todos os soldados em torno de Erec e abrindo o caminho para ele. Erec girou, agarrou a perna do soldado que estava pisando em seu peito e puxou-o para o chão. Em seguida, ele virou-se e quebrou o pescoço do homem com suas mãos.
Erec pegou um punhal da cintura do homem morto, virou-se e esfaqueou a lateral da garganta de outro atacante que estava brandindo uma arma contra ele. Ele ficou em pé, pegou sua espada do campo de batalha sangrento e conseguiu recobrar forças por segunda vez.
Erec girava em todas as direções, revigorado por lutar ao lado de seu amigo Brandt novamente. Eles receberam reforços de mais homens do Duque. Eles logo abriram caminho juntos, matando dezenas de homens que convergiam para eles.
Erec encontrou um cavalo e montou novamente, logo ele estava lá em cima junto com os outros. Ele fez um balanço da situação do campo de batalha: dezenas de homens do Duque tinham se unido a ele e juntos eles enfrentavam o que restava do exército do lorde, cerca de cem homens. Erec procurou imediatamente Alistair e encontrou-a montada em Warkfin, na beira do campo de batalha, observando tudo. Ela estava a salvo da batalha e ele ficou aliviado.
Erec respirava com dificuldade, Brandt ao lado dele respirava da mesma maneira, ele também estava coberto de sangue.
“Eu sabia que iria lutar ao seu lado de novo.” Disse Brandt. “Eu só não achava que seria tão cedo.”
Erec sorriu.
“Parece que eu lhe devo minha vida mais uma vez.” Disse ele.
“Não, você não me deve nada.” Disse Brandt. “Lembra-se de Artânia, dez anos atrás? Agora nós estamos quites.”
Quando todos se preparavam para investir contra os cem homens restantes, de repente, outro grito se ouviu, ele provinha da parte de trás do grupo. Erec foi invadido pela confusão, ele tentava processar o que estava acontecendo. Ele estreitou os olhos e pensou ter visto ao longe, uma batalha que ocorria na parte de trás das linhas. Ele não conseguia entender o que estava acontecendo. Estavam os homens do lorde lutando entre si?
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